• maio 3, 2021
  • Dra. Mayra Fernanda
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Você sabe o que é fluorose dentária? Compreenda sobre essa condição que pode ser prejudicial ao seu filho

Você já reparou manchinhas brancas nos dentinhos permanentes (de “adulto”) em seu filho? São manchas que parecem umas nuvenzinhas, outras parecem riscos. É preciso deixar claro que nem toda mancha branca é início de cárie dentária, na verdade, existem outros diagnósticos para mancha branca no esmalte do dente, e somente um Odontopediatra poderá fazer o exame clínico adequado, pois somente com o diagnóstico correto, o tratamento poderá ser realizado.

Repare as manchas brancas na borda e em outras partes dos dentes permanentes.

Um dos diagnósticos mais comuns para mancha branca é a Fluorose Dentária, que acontece quando o dente permanente (ainda dentro do osso) é exposto a altas concentrações de Flúor. Como conseqüência, tem-se defeitos de mineralização do esmalte, com severidade diretamente associada à quantidade ingerida (de flúor). Geralmente, o aspecto clínico é de manchas opacas no esmalte, até regiões amareladas ou castanhas em casos de alterações mais graves.

Agora você se faz a pergunta: como meu filho foi exposto a tanto Flúor para que seus dentes permanentes nasçam com essas manchas brancas? Bom, existem inúmeras fontes de exposição aos fluoretos no ambiente doméstico como: a própria pasta de dente e o antisséptico bucal. É verdade que o flúor reduz significativamente o risco de desenvolver a lesão de cárie, mas se o flúor for ingerido (engolido) de maneira excessiva, sua alta concentração no sangue pode também ocasionar a má formação do esmalte dentário ainda dentro do osso, causando a fluorose.

Claro que não é só isso, pois de uns anos para cá, a fim de diminuir as chances de lesão de cárie na população, foi iniciado a fluoretação das águas, e até mesmo nos alimentos industrializados.

Ou seja, os pais precisam se atentar não só na alimentação dos filhos, como também na ingestão de pasta de dente durante a escovação (sempre deixando claro para a criança que ela deva cuspir). E em caso de bebês, lembrar sempre de por uma quantidade mínima de pasta de dente, pois se a criança engolir, a concentração de flúor em pasta de dente infantil é mínima comparada com a pasta de dente adulta.

Sempre fique com seu filho na hora de escovar os dentes, e preste a atenção se o mesmo não está engolindo a pasta com frequência.

E agora vocês podem estar se perguntando: é tão ruim assim a fluorose dentária? Ou o problema é somente estético? Não, o problema não é só estético, o problema é que a fluorose aumenta os riscos para lesão de cárie dentária. Esquisito não? Mas vou explicar o porquê.

Lembrem-se que o esmalte do dente é o um tecido ricamente mineralizado, e que sua estrututa (microscopicamente) é em formato de prismas. Se esse esmalte já nasce com uma estrutura defeituosa (que a Fluorose Dentária causa), é mais fácil de juntar alimentos nesse local e mais difícil de higienizar. Se a higienização não é feita perfeitamente, teremos lesões cariosas. Compreendem como funciona o processo?

Repare no esquema acima. A parte branca/amarelada que você vê na boca é o esmalte dentário.

Mas o Flúor não é usado para prevenir a lesão de cárie? Por que isso acontece, então?

Já ouviram falar que tudo que é demais, não é bom? O Flúor é um grande aliado para prevenção de cárie no momento que ele é aplicado em quantidades certas, pois o Flúor aumenta a resistência do esmalte contra os ácidos (de bactérias cariogênicas) que podem desmineralizá-lo em um processo carioso, por exemplo.  Ou seja, a quantidade certa de flúor fortalece o esmalte, uma quantidade excessiva mexe com toda a estrutura do esmalte, aumentando os riscos para lesão de cárie.

Portanto, é importantíssimo levar seu filho a um Odontopediatra de confiança, e é possível que um Nutricionista também faça parte. Lembre-se que existem outros diagnósticos além de Fluorose Dentária e Cárie Dentária, e somente um profissional qualificado irá saber diagnosticar e realizar o tratamento correto.

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Referências

FEJERSKOV, O.; BAELUM, V.; MANJI, F. & MOLLER, I. J., 1994. Fluorose Dentária. São Paulo: Editora Santos;
DENBESTEN, P. K., 1999. Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements. Community Dentistry and Oral Epidemiology, 27:41-47