• janeiro 25, 2022
• Dra. Mayra Fernanda
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Porquê é tão importante cuidar da saúde bucal ainda na gestação: promoção de saúde bucal para mãe e o bebê

A gestação é um dos períodos mais instáveis e ao mesmo tempo, incrível na vida de toda mulher. É nessa fase de desenvolvimento do bebê onde ocorre grandes mudanças fisiológicas, hormonais e emocionais na vida da mãe; e por conta disso que a fase gestacional é considerado uma fase de risco.

Essas constantes mudanças fisiológicas podem acarretar em eventos adversos no meio intra bucal. Além disso, há os cuidados com a higiene bucal, que devem ser redobradas exatamente por conta dos riscos aumentados para a saúde da mãe e do bebê.

Vamos pensar juntas?

O que acontece caso você não escova os dentes direito – ou simplesmente, deixa de escovar? Você concorda comigo que os restos alimentares continuarão no seu dente e gengiva?

É preciso lembrar que em nossa boca existe uma microbiota natural e saudável; as bactérias e os fungos. Todos eles vivem harmoniosamente dentro de sua boca. Uma vez que você cria um ambiente diferente dentro de sua boca, como por exemplo, deixar restos alimentares por muito tempo no dente e na gengiva, algumas bacterias que chamamos de “bactérias cariogênicas” e “bacterias periodontopatogenicas” se procriam com mais rapidez, devido a quantidade de restos alimentares que elas tem acesso.

Se essas bactérias, que antes estavam em uma quantidade aceitável dentro de sua boca, começam a se reproduzir, aumentando muito sua população, um quadro de gengivite (inflamação da gengiva) e até mesmo um início de lesão por cárie nos dentes (mancha branca) dará início.

Isso tudo que expliquei, acontece para qualquer pessoa, porém, quando se trata de doença periodontal, a resposta fisiológica da gestante é mais exacerbada, devido as alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez, motivo pelo qual a gestante é um grupo de risco para doença periodontal. Uma boa higienização, unido com consultas periódicas com o cirurgião-dentista (de 2 em 2 meses) controla o risco para a doença periodontal, e consequentemente para a cárie dentária também.

E a cárie dentária?

Enquanto há a preocupação de um risco maior para doenças periodontais na gravidez, é importante também salientar o cuidado para a cárie dentária. Infelizmente, muitas mãe passam por dor, se automedicando por simplesmente ouvir de um familiar: “mulher grávida não pode fazer tratamento odontológico”, e isso é um mito cabeludo!

Dor NUNCA é normal, e medicamento não TRATA da dor de dente, ele simplesmente irá retirar a sensação dolorosa por algumas horas, mas a causa da dor PRECISA ser tratada, e com urgência.

Quando o processo carioso chega ao seu estado avançado, é quando a sensação dolorosa de dor de dente terá início. Os tratamentos podem varias entre extração, restauração ou tratamento de canal (tudo depende do que sobrou do dente cariado). Tudo que se tratar de urgência e emergência (ou seja, você está sentindo dor), a gestante pode tratar EM QUALQUER MOMENTO da gestação.

As sessões com o cirurgião-dentista não podem passar de 50 minutos (na cadeira odontológica), para o total conforto da mãe. As consultas de rotina e profilaxia (2 em 2 meses) devem ocorrer por toda a gestação, e caso precise de algum tratamento específico, o ideal é que seja feito no segundo trimestre da gravidez (14 a 27 semanas da gestação). Preste a atenção em “ideal”, pois existe a exceção citada um pouco acima desse texto.

A exceção? DOR.

Você precisa de algum tratamento odontológico sem urgência (não sente dor, e nem está com doença periodontal)?
Você pode esperar para fazer o tratamento após o nascimento do bebê.

Você precisa de algum tratamento odontológico com urgência (você sente dor e/ou tem alguma doença periodontal)?
Você pode tratar em qualquer momento de sua gestação.

E quanto ao Raio X?

Um mito muito disseminado e que ainda causa muito medo nas mães. A verdade é que a radiação X odontológica feita nos dentes não é suficiente para causar danos na formação do bebê. Geralmente, quando é necessário o Raio X de um dente, somente uma ou duas radiografias periapicais serão feitas, e a dosagem de radiação X é insuficiente para causar qualquer dano ao desenvolvimento do bebê, sendo completamente segura para ser realizada.

E se meu dentista recusar atendimento?

Infelizmente existe alguns colegas que não atendem gestantes por uma questão simples: falta de preparo. Gestação não é doença, mas sim uma fase passageira na vida da mulher. Procure por um Odontopediatra (o Odontopediatra tem preparo para atender gestantes) ou um Clínico Geral, peça indicação de pessoas de seu convívio. O cirurgião-dentista sempre terá contato direto com seu Médico Obstetra, Médico Pediatra ou outro profissional especializado que você faz acompanhamento.

Qual o risco da falta de tratamento odontológico para mim e para meu bebê?

Há diversos estudos mostrando associação entre doenças periodontais e parto prematuro juntamente com baixo peso ao nascimento. Tudo isso por conta de um fator inflamatório importantíssimo para o início do trabalho de parto, e esse fator está em grande quantidade na boca quando a mãe tem alguma doença periodontal.

Ou seja, Doença Periodontal aumenta os riscos de um Parto Prematuro.

Juntamente com esses estudos, há outros mostrando que o desenvolvimento de cárie dentária na mãe aumenta os riscos do bebê também ter cárie por motivos lógicos: se a mãe possuí muitas bacterias cariogênicas, ela passará isso para seu filho por deveras vias: beijo na boca, compartilhamento de talheres, copos entre outros.

É exatamente por todos esses fatores a importância das consultas preventivas com o cirurgião-dentista ainda na gravidez. A saúde bucal da mãe reflete a saúde bucal do bebê. A mãe que tem cuidado com sua própria saúde bucal, terá esse cuidado redobrado com seu bebê.